O jornalista e apresentador Thiago de Moraes reflete sobre a política brasileira após dois anos de epidemia

O apresentador do Programa Frente a Frente e cientista político, Thiago de Moraes, relata a sensação dos brasileiros diante de vários aspectos sociais e humanos questionando os comportamentos que se tornaram mais graves durante a pandemia.

Agora , após dois anos, Thiago alerta sobre a apatia dos brasileiros com atitudes que remetem a uma inversão de valores contaminando o amor a si mesmo e ao próximo.

A Política de Amar é Preciso! 

Essa sensação de insegurança, indiferença, silêncio e apatia sobre realidade brasileira não incomoda? Seria loucura
ou apenas uma impressão de estarmos a caminho de um abismo e seguimos adiante seja lá o que for, der ou vier – “vida que segue”. Passamos pela banalização do luto, por inúmeras mortes de COVID19, do aumento da criminalidade, a cloroquina erigida em valor e a arte, da violência repressão defendida como forma eficaz de defesa contra o crime, da permissividade sexual, da fome e da miséria de milhões de brasileiros nos levam à melancólica constatação de que o amor está sendo esquecido na nossa sociedade, no mundo e nas relações internacionais.

O amor, carinho e afeto na família, o amor à vida como valor fundamental, o amor fraterno nas relações sociais e econômicas, o amor que respeita o próximo, está sendo substituído pelos valores da sociedade permissiva e corrupta, onde o que importa é o poder, a qualquer preço, principalmente às custas dos fracos e oprimidos, dinheiro como fim da vida e como meio para atingir qualquer objetivo. O vale tudo sabendo sobre nada. 

Será isso progresso e civilização? Será esse o preço do desenvolvimento? Não, não cremos, nem podemos crer, apesar de esse quadro ser uma triste realidade.

Enquanto o País se defronta com grave crise econômica e social, enquanto aumenta a mortalidade infantil, enquanto os menores continuam cada vez mais abandonados e os pobres mais marginalizados, a sociedade, numa prova de alienação e de falsa libertação, como se vivêssemos os últimos tempos de uma época, à semelhança do baile da Ilha Fiscal e de Maria Antonieta aconselhando os franceses a comerem brioches, em vez de pão, e como se por encanto, magia ou solução imediatista resolvesse os gravíssimos problemas nacionais.

Mas o circo continua, os atores não se dão conta do ridículo e nem se apercebem do desprezo que lhes devota a plateia, o povo, já cansado das mesmas mágicas que não resolvem as nossas contradições fundamentais, aguardando o momento do voto, única forma de manifestação da verdadeira maioria silenciosa, temido pelos falsos políticos.

Num País como o nosso, a linguagem do amor e da compreensão, da tolerância e do respeito está sendo substituída pela marginalização social da grande maioria do povo brasileiro, de modo especial a periferia que existe para servir a sociedade dominante, pela violência do crime, simbolizada pela arma de fogo que tomou conta do nosso dia-a-dia, onde se mata sob o influxo do álcool, pelos motivos mais fúteis e torpes possíveis, o próximo, desde uma discussão de trânsito, de futebol, à disputa pela “posse” de uma mulher ou um travesti, a violência policial, sem falar naquelas centenas de milhares que morrem de subnutrição e de toda série de doenças típicas de uma sociedade subdesenvolvida e por isso carente de amor. 

                                               
E quando o amor e o respeito à vida começam a desaparecer nas relações humanas, estamos, sem dúvida, vivendo uma grave crise, não somente social e econômica, mas também de ordem moral. A pergunta que se coloca é diante de mais uma das crises cíclicas da humanidade ou estaremos nos encaminhando para a autodestruição.

E ao se falar de amor, não estamos nos referindo ao amor piegas, à caridade em forma de esmola, aos chás beneficentes, onde se come e bebe fartamente, numa duvidosa prova de amor ao próximo, que não se deseja migalhas que sobram, mas uma divisão justa e fraterna de bens e oportunidades. Por Thiago de Moraes

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